Grupo Nucel

Marluce da Cunha Mantovani

Atuação na área de Diabetes:

– Descelularização e reconstrução de pâncreas visando transplante e reversão do Diabetes mellitus Tipo I 

– Transplante de ilhotas pancreáticas humanas – Terapia Celular do Diabetes mellitus Tipo 1

Possui graduação em Ciências Biológicas Modalidade Médica/Biomedicina pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) (2001), Mestrado em Ciências Biológicas (Bioquímica) pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (2007), MBA em Gestão em Saúde e Controle de Infecção pela Faculdade Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa (2011), e Doutorado em Ciências Médicas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas – Área de Concentração Distúrbios Genéticos de Desenvolvimento e Metabolismo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) (2019). Atua no Grupo NUCEL de Terapia Celular e Molecular (www.usp.br/nucel) como Pesquisadora Especialista de Laboratório pela Faculdade de Medicina – Departamento de Clínica Médica da Universidade de São Paulo. Tem experiência em Laboratório e em Ensino nas áreas de: Análises Clínicas, Metodologia Científica, Biologia Celular e Molecular, Biotecnologia e Terapia Celular.

O pâncreas é um órgão muito importante do corpo humano, sendo considerado um órgão duplo, uma vez que atua produzindo enzimas digestivas (pâncreas exócrino, que corresponde a cerca de 98% da massa total deste órgão) e hormônios, como a insulina e o glucagon, entre outros (pâncreas endócrino), correspondendo a apenas 1 a 2% da massa total, mas tem um papel fundamental no controle do metabolismo de carboidratos. Estes hormônios são produzidos por diferentes tipos de células, que se agregam formando verdadeiras “ilhas” (ou ilhotas) distribuídas num verdadeiro mar de ácinos ou células produtoras das enzimas que vão atuar na digestão dos alimentos. Entre as células que constituem as ilhotas, encontram-se aquelas chamadas células-beta, que produzem a insulina, hormônio fundamental para a entrada de açúcar (glicose) nos tecidos. No Diabetes do tipo 1 (DM1) as células-beta são defeituosas, incapazes de fabricar e secretar a insulina, levando ao acúmulo de glicose na circulação sanguínea (hiperglicemia) e à falta de glicose como combustível a ser utilizado pelos diferentes tecidos e órgãos, daí o emagrecimento dos pacientes e os sérios efeitos secundários da hiperglicemia (falha renal, doenças cárdio-vasculares, cegueira, amputações, etc). 

Os projetos de pesquisa visam utilizar pâncreas retirado de doadores de órgãos (falecidos, por morte encefálica) para:

1) gerar o material chamado de Arcabouço (do Inglês scaffold) ou esqueleto pancreático, que corresponde apenas à parte de arquitetura do órgão” (matriz extracelular) do pâncreas, sem as células, ou seja, é um pâncreas descelularizado, que vai servir como base para a geração de um pâncreas bioartificial, composto deste arcabouço mas reconstituído com as diferentes células que compõem o pâncreas, substituindo as células-beta defeituosas do paciente diabético do tipo 1 por células-beta perfeitas, que produzem insulina e restauram a função exócrina do pâncreas. Esta reconstrução de órgãos constituiu a chamada Bioengenharia Tecidual, que se enquadra na nova tendência mundial de exercer a chamada Medicina Regenerativa.

2) isolar as células beta das ilhotas pancreáticas para transplante. O transplante de células de ilhotas é visto atualmente como uma das abordagens de terapia celular mais promissoras para alcançar a independência de insulina em pacientes com DM1, com o objetivo de desenvolver um tratamento alternativo para esta doença.

Figura 1.: Descelularização de pâncreas humano. A) Pâncreas humano antes do processo de descelularização. B) Pâncreas humano descelularizado (arcabouço), de aspecto esbranquiçado e esponjoso da parte externa do arcabouço. B) Pâncreas humano descelularizado (arcabouço), com aspecto esbranquiçado e esponjoso da externa interna do arcabouço. Fonte: Mantovani, M.C., 2019.

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Figura 2.: Ilhotas pancreáticas humanas. Ilhotas Pancreáticas Humanas obtidas no NUCEL, coradas com ditizona (vermelho) indicando a presença de insulina, com alguns ácinos (verde). Fonte: grupo NUCEL.

Referências: 

Mantovani, Marluce da Cunha Mantovani, Fonseca, Tatiane Vieira, Damaceno-Rodrigues, Nilsa Regina, Caldini, Elia Tamaso Espin Garcia & Sogayar, Mari Cleide. “Matriz Extracelular Pancreática Descelularizada Para Criação De Um Banco E Futura Utilização Em Engenharia Tecidual” Capítulo 4 – livro eletrônico “Ciências Morfofuncionais” – Atena Editora. (2021) doi: 10.22533/at.ed.3802122024.

Mantovani, Marluce da Cunha. Descelularização pancreática visando à recelularização como alternativa terapêutica para o diabetes mellitus tipo I. (2019). Tese (Doutorado em Distúrbios Genéticos de Desenvolvimento e Metabolismo) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. doi:10.11606/T.5.2020.tde-07012020-154924.

Leal-Lopes, Camila; Mantovani, Marluce da Cunha; Sogayar, Mari Cleide . Advanced Therapy Medicinal Products in type I diabetes mellitus: technological and regulatory challenges. Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia, v. 6, p. 41. (2018).

Mantovani, M.C., Lojudice, F.H., Sogayar, M.C. “Biossegurança em Centros de Tecnologia Celular”. In: Manual de Biossegurança – 3ª edição. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2017 Referências adicionais: Brasil/Português. Meio de divulgação: Impresso, ISBN: 9788520447819. (2017).

Sá, Gustavo P.D., Sogayar, Mari Cleide, Eliaschewitz, Freddy G., Genzini, Tércio, Letrinta, Renato, Onari, Elton S., Mantovani, Marluce, Labriola, Leticia, Matos, Delcio, Lopes-Filho, Gaspar J., Gonzalez, Adriano M., Mares-Guia, Thiago.“Islet versus pancreas transplantation in Brazil: Defining criteria for pancreas allocation decision.” Islets, v.3, p.352 – 357 (2011).

Eliaschewitz FG, Aita CA, Genzini T, Noronha IL, Lojudice FH, Labriola L, Krogh K, Oliveira EM, Silva IC, Mendonça Z, Franco D, Miranda MP, Noda E, de Castro LA, Andreolli M, Goldberg AC, Sogayar MC. First Brazilian pancreatic islet transplantation in a patient with type 1 diabetes mellitus. Transplant Proc. (2004) May;36(4):1117-8. 

doi: 10.1016/j.transproceed.2004.04.065. PMID: 15194388.